O furor dessas paradas que galopam desatinos...
Queria ser destino, em ves de ser pegada,
Queria ser chegada, em vez de ser caminho.
E nos meus abraços sempre um novo adeus...
Queria ter o céu abrindo as madrugadas
Pras loucas disparadas dos anseios meus.
Eu tinha rompantes nesses tempos moços,
Pelos alvoraços que essa idade faz...
Queria ser capaz de andar pechando touros
E os desaforos não deixar pra trás.
Queria ter no verbo o fio das adagas,
Queria ter na alma sonho e viração.
Queria ter nos olhos dois peraus profundos.
Queria ter um mundo no calor das mãos.
Eu tinha comigo a inconstância dessas horas,
O coração nas esporas fazendo o meu calendário.
Só queria o necessário pra sustentar a existência,
Pois pensava que experiência não ficava pra inventário.
Eu sempre tive pressa, mas chegava ao nada
E a minha estrada foi chegando ao fim.
Eu não queria assim ficar aqui sozinho
Olhando o meu caminho não ir além de mim.
(Juca Moraes/Carlos Omar Villela/Luiz Carlos Ranolf)