sábado, 4 de agosto de 2012

CTG Roda de Chimarrão - O retorno


Frequento o CTG Roda de Chimarrão desde 2004, quando fiz meu primeiro curso de fandango. É o único centro de convívio social do bairro onde moro, onde vizinhos, amigos e famílias confraternizam entre si, desde os pequeninos até os avós. Sou de Bagé, me sinto em casa quando dentro no Roda. O cheiro de fumaça, das comidas, o chimarrão, o café de cambona, me lembram da minha infância. 

Fiz grandes amigos no Roda, fiz meu casamento gaúcho neste galpão. Em 2006, faziam 3 anos que o Roda não acampava no Harmonia. Arrecadamos, eu e o Eduardo,  através de doações o valor necessário e em mutirão com a Marga, Éder, Thalles, Ana, Wiliam, Bruna, Éderson, S.Pedro, Ronaldo, Miguel e Cleci, erguemos o galpão do Roda no Parque da Harmonia, na gratuidade, no companheirismo e no amor.  Após isto houve um triste episódio na época, deixei a patronagem e deixei de ser sócia, mas não deixei de frequentar e contribuir com o que podia. O Roda é maior que os indivíduos que ali estão. Neste ano criamos os Desgarrados Unidos, pois nos sentimos órfãos.

Em 2009, o Roda teve uma das primeiras patronagens composta exclusivamente por mulheres dentre os CTGs do RS. Fiz o cerimonial de posse delas e as defini como as Anitas do Roda e, embora tenha sido convidada pela patroa Chica a compor o grupo e organizar a campeira, declinei do convite. Compreendi que meu carinho pelo Roda está acima de cargos. E tenho admiração e respeito pelo trabalho de reestruturação e reorganização que as gurias fizeram, provando que as mulheres podem tanto quanto, até mesmo nos espaços mais conservadores e machistas da sociedade, que são os CTGs.

Ontem, fiz algo que me deixou muito feliz, voltei a ser sócia, e de lambuja adquiri minha coleção outono-inverno Roda de Chimarrão, ou seja, voltei a vestir a camiseta literalmente. Após 6 anos afastada, minha carteira de sócia voltou a ativa. Isto só aconteceu por dois motivos: 

Primeiro, achei ótima a renovação total da patronagem do Roda, todos os membros são pessoas que gostam dali e, embora a pouca experiência, tem o que é mais importante seriedade e vontade de fazer acontecer. Peitaram um baita desafio sabendo que tudo será resolvido coletivamente. Afinal, de que adiantam discursos sobre tradicionalismo se na prática as coisas não acontecem? O pessoal entrou com vontade, sem freio puxado, inovando e, principalmente, AGREGANDO AS PESSOAS, ao invés de desconfiar de todos e distanciá-las.

Segundo, sempre achei que o Roda não deveria ser apenas um lugar de recreação, onde as pessoas vão dançar nos bailes e domingueiras, comer o costelão no domingo, dentre outras atividades. Deveria ser um espaço de aprendizado de vida coletiva e social do bairro, fortalecer os cursos que já existem (fandango, violão), mas ampliar o conhecimento de todos sobre a cultura do Rio Grande do Sul. E agora isto está acontecendo, ainda incipiente, mas está.

Setembro está aí! A Semana Farroupilha vai ser um dos grandes desafios desta nova patronagem, mas ao invés de estar preocupada, como em outros anos (apesar de tudo, todos os anos eu fui pro Harmonia bater martelo para levantar o galpão do Roda) este ano estou totalmente convicta que será um sucesso.

Parabéns e sucesso para o Catarina e a Michele, amigos queridos, ex-colegas de cursos de fandango, agora meus professores no curso avançado, que tomam posse dia 11 de agosto, mas que já mostraram a que vieram, reunindo um grupo competente e comprometido, que vem ganhando a confiança de todos a cada dia, fazendo jus ao lema do Roda, que trata da importância do coletivo, pois o gaúcho não gosta de matear sozinho: "Ao passar a cuia de mão em mão, revivemos a tradição". 

Ceva o mate e se vamos de bolada!!!


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